domingo, 8 de julho de 2012

Acompanhamento de Indicadores Fundamentalistas no Momento da Compra

    A partir do momento que estabelecemos uma filosofia de investimento é importante que nós atentamos aos indicadores dos papéis que compramos, com diz o ditado lucro se faz na compra. É sabido que carteiras de baixo P/L, baixo P/VP entre outros indicadores tendem a apresentar um retorno acima da média no longo prazo, devido ao maior risco e/ou devido ao fato de que muitas vezes o mercado castiga exageradamente alguns papéis (baixa expectativa de crescimento dos lucros). Claro que antes de se tornar sócio de uma empresa é necessário fazer uma análise completa, o que estou expondo aqui é a importância de se adotar uma filosofia entre as diversas existentes e segui-lá. Como vocês sabem possuo diversos filtros qualitativos e outros quantitativos para escolher papéis, um deles é : 

1) No momento de investir, escolher as empresas que estiverem apresentando baixos múltiplos P/VP (max 3,65), e que tenham um L/P e ROE (=RPL = Rentabilidade sobre o patrimônio líquido) no mínimo igual a taxa Selic atual. E margem líquida de no mínimo 6%

Exemplo : Taxa Selic (12,00%) - 17,50% (tributação de aplicações de renda fixa com prazo de doze meses e um dia até vinte e quatro meses) = 9,9%, e Margem Líquida de no mínimo 6%. 

    Qual a utilidade dessa regra ? Em primeiro lugar P/L (preço/lucro) indica o número de anos que a ação demorará para retornar o investimento, caso o lucro atual se mantenha constante e etc, a utilidade do L/P (lucro/preço) é mensurar o retorno deste papel em 1 ano, o que permite comparar este indicador por exemplo com o retorno anual da Selic, poupança entre outros investimentos. Certo e isso garante que você vai ganhar dinheiro ? Evidentemente que não, mas lhe permite comparar e visualizar se está pagando um prêmio alto por uma empresa em relação a um investimento sem risco como os citados, o que lhe dá uma certa margem de segurança.
    Quanto ao P/VP é o preço que você está pagando pelo patrimônio líquido da empresa. Observação : determinados negócios não precisam de grande patrimônio para serem rentáveis, pela natureza do negócio, e além disso muitas empresas possuem valores intangíveis como valor de marca e etc que é muito difícil de ser avaliado. O P/VP é um bom indicador de valor a se considerar, sempre juntamente com o  
ROE (RPL), que é o retorno sobre esse patrimônio. O melhor dos mundos é um baixo P/VP com um alto ROE, geralmente empresas com baixo ROE, apresentam descontos sobre o patrimõnio, ou seja um baixo P/VP. O valor máximo de 3,65 foi um valor razoável que estabeleci, independentemente do ROE, prefiro me desfazer de um papel com expectativa tão alta e comprar outros, como aconteceu no caso de metade da minha posição em POMO4. 
    Quanto ao ROE (RPL) quero investir em uma empresa que consiga um retorno sobre o seu capital pelo menos igual ao da selic, senão não faz sentido existir o negócio, claro que empresas em dificuldade podem apresentar oscilações temporárias neste indicador. A margem líquida maior que 6% é uma forma de evitar comprar negócios com margem muito baixa.
    Tão importante quanto analisar esses indicadores na compra, é acompanhar a evolução do VPA (valor patrimonial por ação) e o LPA (lucro por ação). Segue o meu acompanhamento destes indicadores no momentos das compras, atente para o fato que a partir da compra 20, eu passei a implementar esses filtros entre outros na minha filosofia de investimento.




13 comentários:

  1. Muito bom post Don Vito.
    Mas para minhas análises, eu sou mais rigoroso com as margens bruta e líquida e o P/VP fica como um indicador pouco relevante. Sempre estou de olho no P/L mas se for alto e a empresa for muito boa, eu pago.
    Cielo por exemplo se enquadra num P/VP e P/L altos, mas estou mantendo, kkkkk.

    Abraços

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    1. Benjamin Graham faz uma sugestão no seu livro O Investidor Inteligente, justamente em relação ao uso destes dois indicadores P/L e P/VP, a sugestão dele é a criação de um terceiro indicador multiplicando-se o P/L pelo P/VP desta forma se faz uma espécie de ponderação entre os dois, assim, se um deles estiver alto mas o outro for suficientemente baixo para compensar, então ainda vale a pena investir nesta empresa. O valor apresentado por Graham era de até 22,5.

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    2. Sim, eu tenho este livro e seu deste indicador. Mas EU não gosto de utilizar o P/VP.

      Abraços

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    3. Concordo com o AdP.

      A verdade é que uma empresa vale pelo quanto de lucro ela pode gerar. Isso é muito mais importante do que Valor Patrimonial em si.

      Também acho o P/VP meio irrelevante.

      Seria relevante no caso de uma empresa decretando falência. Mas para uma empresa com saúde perfeita, ele é irrelevante. A capacidade de gerar lucros é infinitamente mais importante.

      []s!

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  2. Pois é eu me baseio nos estudos de Fama % French, ele esclarece a importância do P/VP, inclusive tem um livro brasileiro do Flávio Kezam Málaga, com o título Retorno de Ações, ele aplica o modelo de Fama & French na bolsa brasileira, outro que segue basicamente esses critérios para identificar valor em ações é o Viver de Renda, que por acaso não consigo mais acessar o blog dele, parece que ta bloqueado. Fica complicado avaliar Cielo por P/VP, até porque o patrimônio dela são as maquininhas e a cadeia de clientes, baita empresa mesmo, nunca me liguei muito em margem bruta passarei a dar um pouco mais de atenção també, abraços !

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  3. Sobre a relação P/VPA, ela serve apenas para momentos em que o mercado de ações encontra-se em forte baixa. Em outros momentos é inútil, pois há uma relação direta entre o P/VPA, o ROE e o L/P (o ROE dividido pelo P/VPA é exatamente igual ao L/P).

    Na minha opinião, o Viver de Renda erra ao comprar empresas cujo P/VPA é historicamente baixo justamente pelo ROE também ser baixo.

    Some-se a isso a subjetividade da avaliação do patrimônio líquido. Veja a Natura, por exemplo, que possui como intangível 1 milhão de consultoras. Por outro lado, há empresas cujo patrimônio é superavaliado, pois é integrado por terrenos e imóveis sub-utilizados que não geram renda.

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  4. Oi Fernanda tudo bem ? Você já leu o livro do Flávio Kezam Málaga ? Com o título Retorno de Ações ? Li achei é bem bacana vale a pena. Não entendi porque você disse que o P/VPA só serve para momentos de forte baixa ? Considero ele um indicador como os demais como o P/L por exemplo quando estiver baixo pode ser indicador de que o papel está barato, e alto que está caro, baixa expectativa de crescimento de lucros e alta expectativa de lucros, claro, analisado juntamente com todos os demais indicadores.
    Ele é inútil por ter um relação direta com o ROE e L/P ? Seguindo a mesma lógica o L/P e ROE também são inúteis então. É evidente que se paga um P/VPA baixo entre outros motivos, principalmente pela empresa apresentar um ROE historicamente baixo ou não as vezes, talvez o retorno da estratégia esteja justamente nisso, você compra o patrimônio barato na expectativa que a empresa melhore e passe a apresentar um melhor ROE sobre esse patrimônio que você comprou com desconto, você irá ganhar da mesma forma que quando tu paga um P/L ou P/VP alto por um papel tu espera que a empresa mantenha o seu bom crescimento dos lucros, e sua rentabilidade, se não mantiver esse crescimento tu terá pago um prêmio alto por um retorno que não veio. Das duas formas podemos perder ou ganhar. Eu busco sempre comprar uma boa relação entre um P/VP razoavél com o melhor ROE possível, como mencionei na postagem, também não me sinto confortável pagando um baita desconto sobre o patrimônio mas com um ROE muito baixo.
    Exatamente o P/VP não funciona na análise de algumas empresas, e pode apresentar distorções assim como o P/L. É sempre um prazer contar com a tua opinião, tenho acompanhado a tua carteira parabéns !

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  5. Gostei do post, mas margem líquida de 6% tô fora !!!!!

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  6. Exato Corleone,

    é muito importante a análise de parâmetros fundamentalistas antes de iniciar uma compra de ações e aproveitar os momentos em que tais múltiplos são depreciados devido ao momento de crise ajuda muito na formação do colchão de segurança. A atenção deve ser dada se realmente os múltiplos estão depreciados por uma crise do setor, da empresa ou distorção do mercado. Em 2008 e 2011 foi relativamente fácil perceber as distorções nos preços, mas este ano não está sendo muito fácil.

    Considero extremamente importante a pesquisa na evolução dos múltiplos principais nos últimos 10 anos (ROE, Margem líquida, Endividamento, Lucro, etc). E este acompanhamento deverá ser realizado ano após ano, somente assim saberemos o que está acontecendo com a empresa, independente da análise do mercado.

    E o que Dimarcinho comentou, margem líquida de 6% acho muito baixa. Obviamente que tal margem (alta ou baixa) irá depender do setor. No setor de autopeças 6% poderá até ser admissível, mas no setor de energia elétrica é horrível. Portanto, os múltiplos deverão ser avaliados de maneira adequada para cada setor.

    Bons investimentos

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    1. Muito bom Geração 65, é cada setor tem suas particularidade, talvez eu aumente a % do meu filtro de margem liquida um pouco, apesar de que faz muito tempo que não compro nada com margem líquida menor que 10%. Realmente uma empresa que vem oferecendo bons resultados por durante 10 anos provavelmente continuará mostrando bons resultados. Comprar empresas que possuam históricos não muito bons representa um risco maior, mas caso elas venham a melhorar o ganho pode ser satisfatório, não digo nem turnarounds, mas até mesmo empresas saudáveis mas com pouco crescimento. Muito do lucro está no preço que pagamos também, por isso renda varíavel é tão fascinante :)

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  7. Bom texto, Dom vito, seu filho Michael deve estar orgulhoso...

    Acho interessante observar blogs que valorizam os fundamentos das ações.Isso é importante pois são esses fundamentos que trarão bons retorno na bolsa. Sem eles não há como se ter segurança no investimento.

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    1. Michael ainda não está interessado nos negócios da família, quem sabe um dia hehe. Pois é cara nunca coloquei muita fé em análise gráfica, até porque nao pretendo ter um grande giro na carteira, operando em prazos maiores o timming de entrada não faz tanta diferença.

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  8. descubri esse blog agra pouco gosto de fundamentos porem , nao tenho nem um conhecimento , e por que nao colcar uma carteira com ativos que tenha esses mesmo fundamentos pra que possamos entender melhor ? sou um neofito no a sunto porem curioso. um forte abraço .

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